A influência gráfica no entendimento da estrutura de uma revista

sábado, 25th de setembro, 2010.

Nas últimas visitas ao IHGES, foi possível  analisar, inicialmente de forma mais superficial, todos os exemplares disponíveis no local. O acervo encontra-se completo e praticamente em perfeito estado de conservação com exemplares avulsos e os antigos, que estão encadernados juntos.
Nesta análise inicial foi bastante significante porque surgiram muitos questionamentos que só motivam mais a pesquisa. Existe, por exemplo, uma grande variação no número de páginas de exemplar para exemplar e seus temas e formas de organização se modificam drasticamente a cada número publicado, o que levaria muitas pessoas a entender que o propósito da revista também se modifica.
Entretanto, essa suposição torna-se injusta a medida que as análises se aprofundam. Para entender melhor, ao analisar os números 1 a 7, por exemplo, o número de páginas variam de 50 a 250 e as capas e a diagramação do miolo se modificam a cada exemplar. As sessões da revista parecem diferentes também, mas, apenas na sua representação gráfica, pois todos esses exemplares apresentam em seu conteúdo, atas das reuniões do IHGES, sonetos, textos sobre fatos históricos do Espírito Santo e os feitos de Domingos Martins, o patrono do IHGES, entre outras figuras ilustres do estado e associados do Instituto. O temas de cada revista são sempre resultados de pesquisas históricas e geográficas realizadas por sócios do Instituto.
Um exemplo das diferentes escolhas gráficas para o mesmo tema pode ser visto em duas representações de Atas de reuniões nos exmplares 1 e 3. Em breve análise gráfica, vimos que  no número 1, a Ata da fundação do IHGES é apresentada numa página ímpar ao lado de uma página em branco com impressão em azul. A mancha gráfica é emoldurada pelos lados e pelo topo por um fio de ornamento com motivos florais nos cantos superiores e um detalhe no centro. O título tem três linhas e é centralizado horizontalmente na página numa distância de aproximadamente duas linhas do topo da mancha gráfica, num corpo aproximadamente no dobro do tamanho do corpo do texto. A fonte é serifada levemente condensada com separação de sílabas produzindo um formato de meio diamante superior. A distância do título para o texto é de aproximadamente quatro linhas tipográficas (usando como referência o texto da Ata) e o texto da Ata é justificado com entrada de parágrafo (recuo) de cerca de oito caracteres dispostos em uma coluna.
Página
No terceiro número da revista há uma semelhança na apresentação da Ata de sessão solene pelo fato de também começar numa página ímpar, ao lado de uma página em branco, com seu tútulo iniciando-se com espaço de algumas linhas do topo da mancha gráfica. Entretanto, a página é impressa em preto, não há ornamento e a fonte do título, em vez de levemente condensada, além de ser sem serifa, é levemente extendida e em negrito. O título é em apenas uma linha e a distância entre título e texto da Ata é bem menor que o exemplo anterior. O texto da Ata também difere por iniciar-se com a primeira palavra em capitular, num corpo maior que o todo texto, e todo primeiro parágrafo é apresentado em versalete com a primeira linha alinhada pela esquerda sem recuo e as outras linhas do parágrafo, com recuo de aproximadamente cinco caracteres. Os outros parágrafos, diferentemente, tem apenas a primeira linha com recuo que é de mesmo tamanho, porém disposto em duas colunas com parágrafos iniciando apenas com a primeira letra em capitular.

Interessante porque, numa primeira vista, tem-se a impressão de que são sessões diferentes, justamente pelas escolhas gráficas feitas.
Glenda Barbosa – Setembro/2010

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