Compreender a evolução do Design e de suas relações estreitas com a tecnologia, essa última cada vez mais social e invasora, é essencial para traçar a história do Design no Espírito Santo. Em 1944, de acordo com dados fornecidos pela Associação Comercial de São Paulo, o jornal “E.T.V.” apresentou um panorama do poderio tipográfico brasileiro: “Há no Brasil cerca de 1500 máquinas tipográficas, das quais 1350 são linotipos, 72 são monotipos e o restante são comuns.” Nesse cenário tecnológico, situava-se o Curso de Tipografia e Encadernação da Escola Técnica do Espírito Santo, dispondo de caixas de tipos móveis e linotipos para a composição.
“Comparando-se o serviço de uma linotipo com a produção rotineira da composição manual, basta dizer que um bom tipógrafo, em 8 horas de trabalho, pode produzir o máximo de 600 linhas de um jornal, enquanto um bom linotipista pode produzir 2.500 linhas em apenas 6 horas.” (“E.T.V.”, 1954)
Do prelo de Gutenberg passaram às máquinas rotativas que imprimiam todos os grandes jornais do mundo. Enquanto isso na cidade de Vitória, a imprensa local, que ainda não detinha dessas máquinas, dotava de rotoplanas que imprimiam 5 exemplares de “A Gazeta” e do “Diário Oficial”, por hora. A tecnologia de impressão offset inventada em 1904 só chegou ao Brasil na década de 1920, mesmo assim de forma lenta e pouco difundida. A Escola Técnica adquiriu sua primeira máquina off-set em 1966, cinco anos depois da extinção do Curso de Tipografia e Encadernação.
“É a insuprível gradação do progresso, que não dá saltos, mas evolui e aperfeiçoa, até não sabemos que limite, tal é a capacidade inventiva do homem.” (E.T.V., 1954)
Daniel Dutra — Setembro/2010
Durante dois meses estive nesta oficina de tipografia da ETV, como parte do teste de aptidão profissional. Acabei na fundição. Me lembro perfeitamente dessas bancadas onde faziamos a composição dos textos para impressão. Tenho muitas lembranças e saudades daquela época (1959/1965), na Escola Técnica de Vitória.