A importância da articulação textual na construção da hierarquia e do sentido da informação

quarta-feira, 29th de setembro, 2010.

As palavras têm poder e podem dirigir a leitura. Uma técnica interessante que tomou espaço considerável na transmissão da informação foi a Ilustração Tipográfica. Esta prioriza a imagem que simboliza a informação a ser repassada, contendo em sua construção caracteres que a compõem. Uma artista que se pode destacar neste meio é Keira Rathbone. Ela monta sua obra a partir de uma máquina de escrever antiga que adquiriu em um bazar. Para idealizar seus desenhos, ela tecla letras diversas vezes em uma determinada posição a fim de criar sobras e compor a imagem prevista. A duração de uma composição detalhada pode chegar até 90 horas.
Ainda que esta seja uma das formas de se usar as letras em um papel, não é a única. O locutor de um texto consegue de forma discreta dirigir a leitura e entonação de voz de seu leitor. A fonética de palavras com sufixo semelhante, em um poema, dá formação às rimas construindo para o texto um ritmo de leitura quase musical. Estas pequenas regras de construção podem direcionar a leitura, de acordo com a intenção do escritor do texto, gerando um clima emotivo sobre a obra. O jornal “E.T.V.” utilizou tal recurso quando, em sua composição, adicionou poemas produzidos pelos alunos da escola, incluindo-os em uma de suas seções. Como bem pode exemplificar a imagem da quinta página do jornal de circulação interna, da edição de número 19, de abril de 1945, na seção “Ao léu do tempo”.
O papel do designer gráfico não se limita apenas as formas de composição textual. Ele ainda pode recorrer a estilos de escrita baseando-se, por exemplo, na fonética das palavras utilizadas em um poema, assim como dito anteriormente. Tal recurso poderia ser realizado com a ajuda de simples elementos já existentes, tais como o “negrito”, “itálico”, “corpo” e “sinais ortográficos”. Assim como a Keira Rathbone, mencionada no início do texto, o designer pode validar os caracteres existentes em seu repertório dirigindo a leitura e guiando a entonação de voz de seu interlocutor. Uma forma de exemplificar esta sentença seria o modo de grafar uma palavra que deveria ser dita em voz alta, porém, no papel se utilizaria o recurso da caixa-alta. Torna-se IM-POR-TAN-TE ver a forma de se expressar através da escrita, blá-blá-blá …
Patrícia Campos — Setembro, 2010.

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